terça-feira, 15 de setembro de 2015

coração leviano

conversaram por quase uma hora. pode não parecer muito, mas para pessoas que não se falam há tanto tempo seria quase que impossível manter uma conversa fluindo, mas não foi. 
ele se desculpou com ela. disse que não deveria ter dito as coisas que disse, que foi um tolo, se precipitou e nunca teve coragem de admitir que se arrependeu. apesar de um pouco pertubardor, diria-se, foi muito interessante atualizar tais assuntos. discutiram sobre bandas que alguns chamariam clássicas, outros antigas, mas eram bandas em comum. até certo ponto eles tinham um gosto bem parecido quando se tratava de música. 
ele sabia tocar algum instrumento, ela nada. só sabia ouvir e se sentir feliz. não sabia falar sobre riffs e solos e todas as outras coisas. mal sabia diferenciar o som do baixo e da guitarra, mas ele sabia e isso a impressionava muito. acho que ela se impressionava facilmente, mas sempre calada, aquela mulher só sabia ouvir. 
parece que ele tentou se desculpar novamente. insistiu nas desculpas, mas dessa vez pelo amigo. sentiu muito pelo comportamento leviano do amigo em épocas passadas. ela disse que entendia.
tentou ligar e continuou a escrever que ela não merecia ser tratada daquela maneira. tudo bem, ela quis dar a entender que já não se importava mais com os assuntos do passado. ele insistiu. desculpe as falhas do meu amigo. eu posso imaginar como você se sentiu. ninguém merece ser tratado dessa forma, muito menos você. ela se preocupou um pouco com o termo.  muito menos eu por quê?, ficou curiosa. porque você é diferente, você sabe que é, ele disse. ela sabia que era, mas não respondeu. 
você não parece mais estar incomodada em admitir que foi trocada, que foi mal tratada.. não mesmo, ela disse. por que eu ainda sou a mesma. não carrego a mágoa de ter arruinado um coração. eu não menti nem enganei. fui sincera até demais, muito ingênua - deixou escapar depois de uma longa pausa - mas não corrompi meu coração. já ele, pobre homem, voltou a ser um moleque aos meus olhos. 
se despediram pois já era tarde. ele tinha aula. sobre ela eu não sei. 

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