domingo, 20 de setembro de 2015

três dias

como se fossem três dias, três dias apenas. como se tudo que precisássemos fossem três dias de verão, três dias quaisquer. 
tenho ainda três dias para me despedir, me despir da carne, do osso, das células. nós nos despedimos. 
ainda se fossem três dias estaríamos salvos, mas há anos fiz minha parte, estudei. eu me preparei. não hoje nem agora, talvez você ainda leve muito tempo, muito tempo mesmo tentando entender o que nos prende, prendia. talvez seja o primeiro, em se tratando da máxima de que os últimos bem serão os primeiros. talvez você desperte, talvez sofra, talvez não sinta dor. 
já me conheço muito bem, tenho bem mais de vinte oito, tenho bem mais que trezentos e sessenta e cinco dias por ano. agora tenho a eternidade. desde antes escolhi ser outra, mas você me viu como a outra, mais uma. desde antes escolhi pertencer. eu apenas estou. 
não posso mais uma vez deixar almas vagando por mil anos sozinhas, chamando meu nome. eu nem sei mais quem ele era. eu me esqueci, pois já se passaram mil anos e não só três dias. esse era meu último apego. aquele talvez fosse meu último apego e a partir de agora eu estou livre. 
meu erro sempre foi esse, me prender ao efêmero, ao que nasceu para ser finito. aprisiono almas que levam anos para se livrarem do peso de me conhecerem. não entendo as regras do jogo e também não entendo qual o jogo que se joga aqui.
ele me viu chorar há mil, dois mil anos. eu ainda chorei. eu não choro mais, mudei. quem é ele? quem são eles? 

eu amo demais, sinto demais. eu sinto muito. 

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