Não tenho dormido ultimamente. Dizem que quando você não consegue dormir, é porque o cérebro te traz informações desnecessárias em horas inadequadas. É exatamente o que tem acontecido comigo. Acordo pensando porque não deixei outro cara legal virar namorado, mas quando vi já tinha deixado. Aí já tô tomando outro banho demorado às quatro e quinze da madrugada, porque depois que aprendi a tomar banho, isso se tornou um hábito, pensando em como eu fui me tornando essa pessoa que realmente não se importa com pessoas e que não tem banheira. Sou apaixonada por elas, banheiras e não pessoas. Quase todas as casas em que morei tinha uma banheira. Uma ou duas ou três e nunca pensei que sentiria tanto a falta de qualquer uma delas como agora, quando você não sabe o que se passa com a sua cabeça. Sempre enchia a banheira com água bem quente e ficava ali até as coisas se resolverem, até meus problemas se tornarem piadas e eu sair contando piada sobre como eu tinha ferrado com as coisas, e então os problemas não cresciam como hoje. Eles simplesmente desapareciam porque tinham virado piada na minha cabeça e logo eu poderia seguir em frente, porque não tinha mais problemas. Eu tinha feito piadas. Piadas sobre a desgraça que tinha me acontecido e então estava pronta pra rir de mim mesma e deixar a vida seguir o curso dela.
Mas hoje não tenho banheira. Faz tempo, aliás, que não tenho banheira. Pode levar algum tempo para eu ter uma banheira novamente. E tudo está se acumulando em minha mente.
Então tomo banhos longos e não me importo com a água. Nunca me importei, na verdade. Sempre achei o Al Gore um babaca, mesmo antes dele ser o Al Gore que é hoje eu já não me importava com a falta de água no planeta. Tenho outras problemas na cabeça e o fato de alguns acreditarem que vai faltar água não é um problema para mim. Boa parte dos meus amigos diria que eu represento a burguesia, que sou patrícia e que ela simplesmente não se importa com questões relevantes como aquecimento global, falta de água e extinção de animais. Outra parte acredita que eu deva ser uma completa alienada política e que nem sei sobre questões como a água, etc. Mas eu só acho que não é nada disso. Só acho que as pessoas estão tentando se informar a todo custo e entender sobre tudo isso e acabam mal informadas, that's all.
Todavia, meu posicionamento político ou qualquer coisa relacionada realmente não importa quando o que acontece é que não consigo dormir. Só isso.
O engraçado é que enquanto eu tomava banho, repetia silenciosamente em minha mente que eu talvez tenha nascido para ser como Diana Vreeland. Nunca foi a mais bonita, mas criava beleza ao seu redor; não teve muito sucesso com os estudos, mas aprendeu com a vida; não tinha muito dinheiro, mas era extremamente criativa. Eu adoraria ser como Diana Vreeland!
O problema é que Diana só se tornou Vreeland após o casamento, e se durante toda a minha adolescência eu nunca dei bola pra essa coisa de amor verdadeiro e felizes para sempre, agora, faltando menos de dez dias para completar trinta, eu realmente acho uma besteira sem tamanho. E no banho, que não é de banheira, me pergunto: como foi que eu fiquei assim?
Não tenho resposta. Ainda não tenho. Sobre a verdade inconveniente do Al Gore, tenho, sobre o Obama ter escolhido At last no primeiro mandato, também tenho, sobre Cuba, Venezuela e a Kirchner e o Blairo também, mas sobre porque não nasci com DNA do romantismo ainda não tenho a menor ideia. E acho que decepciono as pessoas. Elas veem tanto potencial desperdiçado. Se dependesse delas eu teria encontrado minha alma gêmea aos dezenove, teríamos feito mochilão pela Europa, depois conhecido os parentes, escolhido igreja, VESTIDO BRANCO, ah, por favor, diga que elas não esperam que eu tenha filhos. Por favor! Sim, elas esperam isso de mim. Eu sei. Eu posso sentir.
Mas aí, quando já estou para desligar o chuveiro, penso que casada ou não, Diana seria Diana. Cedo ou tarde ela faria o que gostaria de fazer e é assim que as coisas são. Talvez essa coisa de não dormir venha porque eu ainda não faço o que gostaria sendo Diana mesmo sem Vreeland, mas não quer dizer que não vá fazer. Talvez eu não durma porque sei que o Vreeland é tão certo quanto como Diana nascer Diana e ser Diana, e depois se tornar Diana Vreeland.
É tão certo que Vreeland chegará que eu não me permito ser Diana. Um erro? Acho que não. É só uma certeza.
Então eu não precisei nascer em Paris, mas talvez eu ame mais meu país do que ela amou a França nos anos 20, talvez eu tenha viajado e conhecido mais o meu país do que ela conheceu o dela, talvez eu tenha tanta certeza do sobrenome, de amar meu país e poder ser Diana Vreeland ou qualquer outra mulher sensacional que tenha me inspirado desde o dia em que nasci, que chega a noite e eu não consigo dormir, porque sei que é preciso uma vida inteira e muitas dúvidas para chegar a ser quem você realmente deve ser.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
Dark horse
Vez ou outra ainda insisto em escrever umas palavras sem sentido aqui. Que época maravilhosa para estar aqui! Que jogo bem bolado eles jogam aqui! Não sinto mais raiva. Será que morri?
Entendo como é, sei como dói. Já estive aí, mas comigo não poderia ser diferente. Paga-se sempre pela intensidade. Você precisa ter certeza do que quer comprar. Você tem certeza?
Finalmente não preciso de validações. As que eu insistia em conquistar, , claro, pois seria muita pretensão de minha parte acreditar que nunca mais farei concessões, que nunca mais precisarei jogar a toalha. Mas o que eu tanto buscava apareceu e está pronto para ser montado. Meu corcel negro finalmente respondeu e tenho as rédeas em minhas mãos.
Tudo bem se sonho, tudo bem se realizo. Não é a ilusão a realidade e vice versa?
Encontrei as partes que faltavam. Comecei a montar as peças. Espero que você esteja atento ao último ato. Pode aplaudir.
Entendo como é, sei como dói. Já estive aí, mas comigo não poderia ser diferente. Paga-se sempre pela intensidade. Você precisa ter certeza do que quer comprar. Você tem certeza?
Finalmente não preciso de validações. As que eu insistia em conquistar, , claro, pois seria muita pretensão de minha parte acreditar que nunca mais farei concessões, que nunca mais precisarei jogar a toalha. Mas o que eu tanto buscava apareceu e está pronto para ser montado. Meu corcel negro finalmente respondeu e tenho as rédeas em minhas mãos.
Tudo bem se sonho, tudo bem se realizo. Não é a ilusão a realidade e vice versa?
Encontrei as partes que faltavam. Comecei a montar as peças. Espero que você esteja atento ao último ato. Pode aplaudir.
domingo, 6 de março de 2016
O feminino que não exerço
Poderia escrever sobre assuntos mais relevantes, mas definir o feminino é falar sobre algo que sempre me instigou. Como é ser mulher? Criamos modelos, definimos metas e sempre temos em mente o que gostaríamos de ser, mas ser mulher não é nem nunca foi tão simples.
Levantar esse questionamento não é uma reclamação, longe disso, pois os que me conhecem sabem o apreço que tenho pelo universo feminino. Ainda assim, algumas vezes me questiono sobre o exercício da feminilidade, em que ponto ele se perde ou torna-se inexistente. Como é de fato ser mulher?
Meus modelos sempre foram de mulheres fortes e determinadas que, mesmo não sabendo aonde iriam chegar, simplesmente seguiam em frente. Iam sendo mulheres ao acaso, no dia a dia descobriam-se mulheres, femininas, guerreiras. Eis que, o que por vezes me atormenta, é a linha tênue entre a feminilidade e o não exercício do feminino. Explico. Muitas das mães com as quais convivi e ainda convivo são, antes de tudo, mulheres, e ao que me parece, o que pode soar como uma generalização desnecessária e apressada, porém fiél às personagens, elas se dividem entre as extremamente vaidosas e que flertam com a futilidade na maioria das vezes, e as que parecem esquecer que são mulheres antes de serem qualquer outra coisa.
Quando digo que se esquecem disso, é que muitas vezes elas acabam por eleger o trabalho, os filhos ou o marido, por exemplo, como "prioridade" e acabam deixando de lado a mulher e o feminino que precisam e devem ser exercidos hodiernamente. Talvez por opção ou por imposição, fato é que elas simplesmente não têm tempo ou disposição para a demanda de feminices em cada centímetro de pele que o gênero tende, muitas vezes, a exigir.
Quanto às outras, as que preferem serem possuídas do que possuir o dom da feminilidade, essas eu não tenho muito sobre o que dizer, além de que cada palmo bem estruturado, apertado e esticado de seus corpos, parecem sempre melhores que de todas as mortais.
Mas aí, é permeando esse tipo de pensamento que sei e admito até com certo gosto, que não exerço o feminino à rigor, como manda o figurino. Gosto, muitas vezes, de me sentir gente, apenas ser, respirar e depois, como que naturalmente, ser mulher aparece, ressurge em meio à mãos e pés encardidos, cabelos presos em um coque, unhas por fazer e um rosto cansado.
Ser mulher exige tempo e sinceridade. Ser mulher demanda uma sutileza quase que imperceptível, todavia, barulhenta e totalmente visível. O feminino precisa ser exercido antes que morra e não torne a viver, mas ele requer cautela, requer privações e muitas vezes, requer a presença de um de seus maiores incentivadores, o masculino.
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